LUZ DURA x LUZ SUAVE

POR JOÃO RUBIO

Uma iluminação bem feita é um dos pilares da arte da cinematografia. Dominar os aspectos físicos das fontes de luz que temos disponíveis para realizarmos nossos filmes é essencial para uma proposta estética sólida. 

 Para isso, criamos este material analisando características e diferenças das luzes duras e suaves.

A Luz Dura

Luzes duras proporcionam sombras com bordas bem definidas. A transição entre a zona com sombra e a sem sombra é abrupta. 

Para se criar uma luz dura, é necessário que a fonte da luz funcione como um ponto. Seja ela pequena mesmo ou esteja bem distante fazendo com que, em relação ao objeto se torne pequena. 

Imagine uma superfície de 2mX2m a 50cm. Agora pense nela a 5 metros. Ela se torna menor. Assim seu butterfly será mais difuso se estiver mais próximo. Outro ótimo exemplo é o sol. Apesar de gigantesco, para os terráqueos ele é um pontinho emitindo luz. 

Uma curiosidade: devido à sua distância estrelar, o astro-rei é a única fonte de luz dura que temos com raios totalmente paralelos. Assim, a sombra de um avião voando projetada no solo tem a mesma dimensão da aeronave. Outras fontes de luz dura emitem raios numa direção próxima uma da outra, mas, aos poucos, vão se afastando cada vez mais formando um cone.

Parece óbvio, mas vale destacar que o efeito causado pela fonte tem um nome de sua característica. Uma luz dura gera um resultado duro, dramático, tenso, contrastante etc.

Na história do cinema a luz dura foi muito mais usada com os refletores de arco voltaico que predominavam antes da chegada dos HMIs, bem como quanto o sol foi usado como fonte principal. 

Podemos citar movimentos que abusaram desta estética. Como o Expressionismo Alemão de Murnau, Fritz Lang e Robert Wiene; os Filmes Noir de Hitchcock, Robert Aldrich, Otto Preminger, Orson Welles e Joseph Losey; e o cinema novo de Carlos Reichenbach, Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos que usava muito o sol como principal fonte.

A Luz Suave

Na luz suave, por outro lado, a borda da sombra vai desaparecendo aos poucos. Entre a zona com sombra e a sem sombra temos uma transição gradual. 

A fonte que produz luz suave é uma área. Quanto maior é em relação ao objeto mais suave será esta luz. São diversos pontos emitindo seus raios em várias direções. Assim, um objeto não iluminado por um pedaço da área-fonte, pode receber luz de um outro. Isso explica a razão do degrade na borda da sombra.

Se o sol é o maior exemplo de luz dura, as nuvens num dia nublado são o maior de uma luz suave. Elas difundem a luz do sol transformando-se numa fonte cuja superfície é  quase que o céu inteiro. 

Em contraponto ao look dramático, a estética suave é muito usada para retratos, pois ameniza imperfeições de volume da pele e não criar manchas sombras marcadas no claro-escuro de um rosto. 

Mas como toda solução muito usada, os resultados estéticos agradáveis de luzes suaves em pessoas podem não favorecer a criação de imagens com identidade. Aquelas que marcam a personalidade de um projeto ou de um fotógrafo. Para resultados extraordinários muitas vezes é preciso se expor a riscos calculados.

A Tecnologia do LED

Os refletores Led mais recentes permitem o uso de acessórios que os transformam tanto numa fonte dura, como numa suave.

O pouco calor gerado e a possibilidade dos diodos poderem ser posicionados na borda do refletor permitem aos refletores de LED receberem acessórios que difundem a luz numa superfície relativamente grande.

Um balão chinês é um acessório para luz suave. Ele espalha luz em quase 360°, diferentemente do softbox (domo) que manda só para um lado.

Uma panelinha parabólica ou um acessório de lente fresnel já coloca este refletor na categoria de luzes duras.

Fazer uma lista de luz com somente refletores versáteis nesse sentido é uma tendência que deve se intensificar a medida que os LEDs vão ganhando potência.

 Hoje, já há muitos produtos neste caminho. Como os Aputure 600d, 300x, 300d, 120d; os Nanlite Forza 500, 300, 200, 60; o Velvet Kosmos e a mais nova luz da Arri, a Orbiter.

Se você quer partir de luzes que já são suaves desde o refletor, vá de painéis de LED. Se precisar de ainda mais difusão, é possível adicionar um softbox. Como exemplos temos o Aputure Nova P300c (RGB), o Nanlite Mixpanel 150, 60, o Litepanels Astra 6x e o Arri Skypanel 30, 60, 120, 360, 

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Se você ainda ficou com dúvidas, tem algum ponto de vista diferente ou simplesmente quer comentar um aspecto que te chamou atenção, escreva abaixo. Para nós é muito gratificante ouvirmos o que os nossos leitores pensaram ao ler nosso material.

Fotos da capa: Daniel Norton para Adorama. Modelo: Mackenzie

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